terça-feira, 6 de junho de 2017

Mensagens Bíblicas em Daniel – Daniel 3-5 - Daniel – uma vida de coragem

Daniel 3-5

As duas mensagens anteriores:

1ª) Daniel 1 – Daniel uma vida em destaque, aprendemos uma lição que nunca deveríamos esquecer.

2ª) Daniel 2 – fala da Babilônia, o império mundial da época. De Nabucodonosor, o rei de reis e das glórias da Babilônia atingem seu apogeu. Mas que, de repente, o rei tem um sonho que tira não apenas seu sono, mas também a paz de todos os sábios. Os privilégios dos sábios transformam-se em iminente ameaça. Assim, sintetizamos o capítulo em seis pontos básicos para concluir que Daniel viu três coisas: 1ª) Ele viu quem Deus é; 2ª) Ele viu o sonho e a sua interpretação; e 3ª) Ele viu o imperador se curvar diante de Deus. E que Daniel confiou em Deus: 1º) Porque a Palavra de Deus é verdadeira; 2º) Porque a história está nas mãos de Deus; e 3º) Porque o reino de Deus (Cristo) triunfará.

Hoje, quero narrar, brevemente, os episódios de três capítulos e apresentar três lições importantes para nós: 1º) Daniel 3Prontos a morrer, mas não a pecar contra Deus; 2º) Daniel 4A ação divina na conversão de um homem; e 3º) Daniel 5Decisões corajosas.

I. Daniel 3 – Prontos a morrer, mas não a pecar contra Deus[1]

O mais importante não é viver, mas ser fiel a Deus. Pessoas comprometidas com Deus resistem o pecado até o sangue e estão prontas a morrer, não a pecar.

Aqui, em Daniel 3, temos algumas verdades preliminares que nos chamam a atenção: 1ª) tome cuidado, pois, a sede pelo poder pode tornar você cego e louco – Nabucodonosor era um homem embriagado pelo poder. Ficou cego pelo fulgor de sua própria glória. Ele não se contentou em ser rei de reis, em ser o maior rei da terra, mas quis ser adorado como deus; 2ª) acautele-se com a síndrome de dono do mundo – Nabucodonosor não se contentou em ser a cabeça de ouro (capítulo 2). Agora constrói uma estátua toda de ouro, de trinta metros de altura, e ordena que todos os súditos de seu reino a adorem. Esse rei megalomaníaco quer ser o centro do mundo; e 3ª) o poder dos tiranos esbarra na fidelidade dos servos de Deus – O poder dos tiranos e dos déspotas sempre encontra seu limite em pessoas fiéis a Deus.

Os três jovens hebreus são uma nota dissonante no meio daquela sinfonia de servilismo. Eles são intransigentes, inconformistas. A verdade é inegociável para eles. Não transigem com os absolutos de Deus. Não vendem a consciência. Preferem a morte à infidelidade. Estão prontos a morrer, não a pecar.

Cinco verdades fundamentais podem ser identificadas nesse precioso capítulo.

1ª) A prova (vv.1-7)Nabucodonosor tornou-se um homem embriagado pelo poder e ofuscado pela sua própria glória. Seu coração se engrandeceu, e ele quis ser adorado como deus (vv.1-5). O passo seguinte foi manifestado pela barbárie de uma religião totalitária (vv.6, 7).

2ª) A acusação (vv.8-12) As pessoas ingratas têm memória curta (v.8). Os caldeus tinham sido poupados da morte pela intervenção de Daniel e seus amigos (Dn 2.5, 18). Agora eles, de forma ingrata, acusam as pessoas que lhes ajudaram, no passado, a se livrar da morte. A ingratidão é uma atitude que fere as pessoas e entristece a Deus. A acusação dos caldeus é maliciosa. A palavra hebraica significa “comer a carne de alguém”.

As pessoas invejosas tentam se promover buscando a destruição dos concorrentes (v.12). Os caldeus usam a arma da bajulação ao rei antes de acusar os judeus. Eles acrescentam um fato inverídico: “Não fizeram caso de ti”.

3ª) A firmeza (v. 13-18) É importante entender que não fomos chamados para sermos advogados de Deus, mas Suas testemunhas (vv.16-18). Os três jovens não entraram numa discussão infrutífera. Eles não tentaram defender Deus. Eles apenas testemunharam dEle, mostrando que estavam prontos a morrer, mas não a ser infiéis a Deus. Nabucodonosor tenta intimidá-los, dizendo que Deus nenhum poderia livrá-los de sua mão (v.15). Mas eles não tentam defender a reputação de Deus, procuram apenas obedecê-Lo (vv.16, 17).

É importante entender, também, que nossa fé não pode ser arrogante (vv.17, 18). Devemos ser fiéis a Deus, não apenas pelo que Deus faz, mas por quem Deus é (vv.17,18). Devemos fazer o que é certo e deixar as consequências nas mãos de Deus (vv.17, 18).

4ª) A liberdade (vv.19-25) – A fúria descontrolada é insensata. Nabucodonosor estava furioso e transtornado. Uma pessoa, assim, torna-se inconsequente e insensata: Nabucodonosor desafiou a Deus (v.15), mandou aquecer a fornalha sete vezes (v.19) e mandou atar as pessoas antes de jogá-las no fogo (v.20). Contudo, o fogo queimou não os crentes, mas seus algozes (v.21).

Deus não nos livra dos problemas, mas nos problemas (vv.24, 25). Deus transformou o instrumento de morte em instrumento de livramento (vv.25, 27).
Olyott diz que o livramento no fogo é a estratégia de Deus.

Quando todos os recursos da terra acabam, encontramos o livramento no quarto Homem, ainda que em meio da fornalha (vv.24, 25). O livramento por intermédio do quarto Homem pode ser notado por meio da: 1) presença; 2) preservação e 3) promoção.

5ª) A promoção (vv.26-30) – Quando você honra a Deus, Ele honra você (v.26). O mesmo rei que ficou com o rosto transtornado de ira contra eles, agora os chamou reverentemente de servos do Deus Altíssimo (v.26). O mesmo rei que decretou a morte deles, agora os faz prosperar (v.30).

Quando você é fiel a Deus, o nome de Deus é exaltado (vv.28,29).

II. Daniel 4 – A ação divina na conversão de um homem

Daniel, no capítulo 4, mostra a ação de Deus na salvação de Nabucodonosor. Deus agiu para levar esse soberbo rei à conversão. Assim vemos que, o livro de Daniel mostra a soberania de Deus na história e também na salvação de cada pessoa.

Deus usou quatro diferentes modos para levar Nabucodonosor à conversão:

1º) Deus colocou pessoas crentes em sua companhia. No palácio de Nabucodonosor estavam Daniel e seus três amigos. Eles eram jovens crentes, fiéis e cheios da graça de Deus. Mas o convívio com pessoas crentes, por si só, não converte ninguém, ainda que sejam crentes excepcionais, como aqueles quatro jovens.

2º) Deus mostrou para ele que só o Reino de Cristo é eterno. Nabucodonosor, apesar dessa estupenda revelação, permanece ainda pagão. Está atribulado por causa de seu sonho, furioso com os sábios que não conseguem decifrá-lo. Por isso, mandou matá-los. Só um homem sem Deus pode agir assim. Daniel falou-lhe acerca do Reino de Deus que viria e que jamais seria destruído. Nabucodonosor foi levado a contemplar a ruína de sua religião e a confessar que o Deus de Daniel é o Deus dos deuses (Dn 2.47). Ele ficou impressionado, reconheceu que Deus existe, chegou a reconhecer que o Senhor é o maior de todos os deuses. Mas ele não se converteu. Logo no capítulo 3, esquece ele sua confissão. 

3º) Deus mostrou para ele que só Deus liberta. Agora, Nabucodonosor fez uma hedionda estátua, representando a si mesmo, e ordenou que todos a adorassem. Perdeu sua convicção anterior de que Deus é o Deus dos deuses. Agiu em direta contradição às verdades que recentemente confessara. As palavras de sua boca não alcançaram seu coração. Hoje isso se repete. Muita gente fica impressionada, a verdade as cativa e as entusiasma, ficam inquietas com o que ouvem, mas não dão lugar ao Evangelho. Era essa a condição de Nabucodonosor no capítulo 3.

4º) Deus mostrou para ele que só o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens. Os vv.17, 25 e 32 do capítulo 4 do livro de Daniel revelam a última ação de Deus para quebrar as resistências de Nabucodonosor. Deus levou esse homem à loucura para converter seu coração. Stuart Olyott resume essa intervenção de Deus na vida de Nabucodonosor da seguinte forma: “Nabucodonosor nos faz perceber quão longânimo é Deus. Deus se manifestou a ele indiretamente no capítulo 1, abordou-o diretamente no capítulo 2 e sacudiu-o no capítulo 3. Deus insistiu, insistiu e insistiu de novo. Mas o coração do rei ainda não se encontrava aberto para Deus. No capítulo 4 Deus o instou mais uma vez. A graça de Deus é soberana e, nessa ocasião, Ele agirá de tal forma que destruirá toda resistência ao Seu poder. Deus determinou entrar no coração de Nabucodonosor, e o fará”.

A revelação de Deus para alcançar um homem

1)   Nabucodonosor teve um sonho perturbador (Dn 4.10­, 18). Uma árvore no meio da terra, cuja altura chegava ao céu e era vista até aos confins da terra. Havia nela sustento para todos, e todos os seres viventes se mantinham dela. Um santo que descia do céu deu ordens para derribar a árvore e afugentar todos os animais. Mas a cepa com as raízes devia ser deixada para ser molhada pelo orvalho do céu até que passassem sobre ela sete tempos. O sonho do rei tem uma aplicação pessoal clara, daí seu temor. A mensagem central do sonho não era enigmática (v.17).

2)   Daniel deu ao sonho uma interpretação corajosa (4.19-27). A árvore frondosa, que cresceu, tornou-se notória, grande, poderosa e esplendida; ela era o próprio rei (v.22). A ordem para cortar a árvore vem do céu, como um decreto do Deus Altíssimo. O significado é que o rei será expulso de entre os homens para morar com os animais do campo como um bicho, até que reconheça que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens (v.25). Depois que o rei passar pela humilhação e quebrantamento, Deus mesmo restaurará.

3)   As palavras de Daniel cumpriram-se fielmente (4.28-33). Tudo o que Daniel falou para o rei aconteceu literalmente. Nabucodonosor, em vez de se humilhar, não atendeu a mais esse alerta de Deus e, por isso, foi arrancado do trono, expulso de entre os homens para viver como um animal do campo.

A soberania de Deus para salvar um homem

Três pontos merecem destaque nesse trecho do livro de Daniel:

1º) A paciência generosa de Deus (Dn 4.29). Ele não derrama Seu juízo antes de chamar o homem ao arrependimento. Deus deu doze meses para Nabucodonosor se arrepender.

2º) a dureza do homem que rejeita ouvir a voz de Deus (Dn 4.4, 29). Nabucodonosor estava feliz e calmo passeando no palácio a despeito do solene aviso de Deus (Dn 4.29). Nabucodonosor exalta-se em vez de dar glória a Deus (Dn 4.30).

A prosperidade não é garantia contra a adversidade. Babilônia era a cidade mais rica e poderosa do mundo. Ela tinha 96 km de muros, com 25 metros de largura, 25 portões de cobre, com uma imagem de Marduque no grande templo com 22.500 kg de ouro.22 Evis Carballosa diz que havia mais de cinquenta templos dentro da cidade, sendo o maior de todos, aquele dedicado a Marduque

Nabucodonosor era rei de reis, um grande conquistador e construtor. A cidade estava cheia de prédios, palácios e templos. Lá estavam os Jardins Suspensos, uma das sete maravilhas do mundo antigo, construídos para sua esposa, uma princesa da Média, que sentia falta das montanhas de sua terra natal.

3º) A humilhação do homem impenitente (Dn 4.31-33). Ela vem do céu (4.31). Quando o homem não escuta a voz da graça, ouve a trombeta do juízo. Deus abriu para o rei a porta da esperança e do arrependimento, ele porém, não entrou

4º) A conversão do homem quebrantado (Dn 4.34-37). Como Deus operou a conversão de Nabucodonosor? Não foi exaltando-o, mas humilhando-o. E assim que Deus converte as pessoas. Quem não se fizer como criança, não pode entrar no Reino de Deus.

O homem precisa ser confrontado com seu pecado e saber que está perdido. Depois, a lei o condena e o leva ao pó para reconhecer sua indignidade. No céu só entram pessoas quebrantadas.

A conversão de Nabucodonosor pode ser vista por intermédio de quatro evidências: 1ª) Ele glorifica a Deus (4.34). Agora, ele olha para o céu, para cima. Nossa vida sempre segue a direção de nosso olhar. Até agora ele só olhava para baixo, para a terra. Como aquele rico insensato que construiu só para esta vida, e Deus o chamou de louco. Muitos levantam os olhos tarde demais, como o rico que desprezou Lázaro. Ele levantou seus olhos, mas já estava no inferno; 2ª) Ele confessou a soberania de Deus (4.35); 3ª) Ele testemunhou sua restauração (4.36); e 4ª) Ele adorou a Deus (4.37).

Stuart Olyott, afirma que da conversão de Nabucodonosor podemos aprender três lições práticas: 1ª) nunca devemos desistir da conversão de qualquer pessoa; 2ª) a razão pela qual você ainda não se converteu é porque ainda não está suficientemente quebrantado; e 3ª) quem reluta em se prostrar será quebrantado ou perecerá eternamente. Deus poderia tornar qualquer pessoa louca.

III. Daniel 5 – Decisões corajosas

Há uma linha invisível que separa a paciência de Deus de Sua ira. Os que persistem em andar no caminho errado cruzam essa linha invisível. Chega um dia em que Deus diz: “Basta!’ Não há um caminho especial que conduza ao inferno. E necessário apenas permanecer, por tempo suficiente, em seu próprio caminho.

O capítulo 5 do livro de Daniel nos fala de outro rei. Belsazar, que não ficou louco para ser convertido, ele morreu sem conversão. E fala, também, de Daniel que teve uma vida de coragem.

1. A decisão corajosa e desastrosa de Belsazar

1º) Ele teve a coragem de desperdiçar todas as oportunidades que Deus lhe deu – m Belsazar foi um homem que testemunhou as obras de Deus dentro de sua casa, mas as desprezou. Ele era da família real. Seu pai, Nabucodonosor, foi convertido a Deus. Ele presenciou todos os acontecimentos relatados nos capítulos 1 a 4 daquele livro. Ele devia ter a idade de Daniel e viu seu testemunho, bem como o testemunho de seus amigos. Viu como Deus libertou os amigos de Daniel da fornalha, como Nabucodonosor foi arrancado do trono para tornar-se um animal, até que seu coração foi humilhado e convertido.

2º) Ele teve a coragem de se entregar aos prazeres carnais à beira da morte – Vários fatos marcantes nos chamam a atenção nesse texto de Daniel: 1º) Babilônia estava sendo tomada enquanto o rei estava festejando (5.2-4, 30); 2º) o rei dá uma grande festa no dia de sua grande ruína (5.1); 3º) o rei lidera seus nobres em uma festa dissoluta, de embriaguez e de sensualidade na noite de seu juízo (5.2, 3). 4º) o rei promove uma festa de profanação das coisas sagradas (5.3); e 5º) o rei promove uma festa idolátrica ao dar louvor aos deuses fabricados por mãos humanas (5.4).

3º) Ele teve a coragem de provocar a ira de Deus – Porém, 1º) Deus transforma os prazeres do pecado em perturbação (5.5, 6, 9); 2º) Deus confunde os sábios do mundo com Seus mistérios (5.7, 8); e 3º) Deus confronta os pecadores por intermédio de servos fiéis (5.10-17).

2. A decisão corajosa de Daniel

Daniel enumera quatro razões em seu confronto:

1º) ele teve a coragem de confrontar Belsazar porque ele deixou de reconhecer que Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre o reino dos homens (5.18-21). Foi Deus quem deu o reino, grandeza e poder a Nabucodonosor (v.18). A grandeza da Babilônia não era conquista de seus reis, mas dádiva de Deus. Nabucodonosor demorou muitos anos para entender isso. Mas seu filho, ainda não está reconhecendo. E, por isso, é confrontado.

2º) ele teve a coragem de confrontar Belsazar porque ele deixou de se humilhar diante de Deus, a despeito de exemplo tão forte dentro da sua própria casa (5.22). Quanto mais luz temos, mais responsáveis somos. Ele viu o que aconteceu com o rei Nabucodonosor, indo comer capim com os bois, porque endureceu sua cerviz. A despeito de tantos exemplos, esse rei ainda mantém seu orgulho, sua soberba e sua incredulidade. O rei está tão cego que ainda não consegue enxergar sua ruína. Faz promessas aos sábios da Babilônia (v.7) e a Daniel (v.16) que não pode cumprir. Ele ainda pensava que podia honrar aqueles que lhe prestassem favores, sem saber que naquela noite morreria e seu império estaria nas mãos de outro rei. Belsazar foi condenado por seu orgulho. Aquele que não adora a Deus acaba adorando a si mesmo ou a outros deuses.

3º) ele teve a coragem de confrontar Belsazar porque ele fez um mau uso do conhecimento que recebera (Dn 5.22). O conhecimento das coisas de Deus nos torna responsáveis. O rei pereceu não por falta de luz, mas por cegueira deliberada. Ele morreu não por ignorância, mas por rebeldia.

4º) ele teve a coragem de confrontar Belsazar, porque Belsazar afrontou a Deus em cujas mãos estava sua vida (Dn 5.23). Ele profanou os vasos do templo. Deu louvores aos deuses de ouro e pedra e não exaltou a Deus, em cujas mãos estava sua vida. A idolatria é uma afronta a Deus, é levantar-se contra o Senhor.

Concluindo

MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM (v.25). Osvaldo Litz diz que essas três palavras fundamentalmente significam número, peso, divisão. O Reino de Belsazar foi contado, pesado, dividido e dado aos medos e persas.

Naquela mesma noite, enquanto Belsazar e seus convidados promoviam o carnaval da morte, o rei Dario desviou o curso do rio Eufrates, que corria pelo centro da cidade, e entrou, com suas tropas, a pé enxuto na cidade. Assim, invadiram a inexpugnável cidade, mataram o rei Belsazar e tomaram a Babilônia. Xenofonte e Heródoto narram a queda da Babilônia assim: “Dario desviou o Eufrates para o novo canal e, guiado por dois desertores, marchou pelo leito seco rumo à cidade, enquanto os babilônios farreavam numa festa a seus deuses”.

Belsazar não aproveitou sua última oportunidade. No momento em que Deus fez sua chamada final ele estava bêbado. Ai dos que deixam passar as oportunidades. Naquela mesma noite, Belsazar morreu e chegou ao fim um reino que durante setenta anos havia dominado a maior parte do mundo conhecido.

Não sabemos quando Deus dirá a alguém: “Mais um pecado, e será o último”. Contudo, a escrita na parede se aplicará a você. Certamente, você será chamado de louco, pois o arrependimento estará fora de seu alcance para sempre!

A ordem de Deus para você é: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é generoso em perdoar” (Is 55.6,7).

Pr. Walter Almeida Jr.



[1] Lopes, Hernandes Dias. Comentário Expositivo de Daniel – Daniel – um homem amado no céu. Editora Hagnos, e Olyott, Stuart. Ouse ser Firme – O Livro de Daniel, Editora Fiel, Segunda Edição 2011. Faço aqui um esboço homilético dos capítulos 3, 4 e 5 dos livros, com cortes e acréscimos necessários ao contexto local.

Mensagens Bíblicas em Daniel – Daniel 2 - Daniel – uma vida de confiança

Daniel 2

Na primeira mensagem no livro de Daniel, no capítulo 1, falei sobre uma lição que nunca iriamos esquecer, e que a vida de Daniel foi uma vida em destaque. Vimos ainda:

ð Que tudo começou quando Deus escolheu um homem, Abraão, “e prometeu que por meio dele e de sua descendência todas as famílias da terra seriam abençoadas”.
ð Que o livro inteiro é bastante prático – especialmente para crentes que se encontram solitários, mesmo estando entre colegas de escola, ou de trabalho, ou entre seus familiares e amigos.
ð Que o livro de Daniel “revela como podemos permanecer fiéis a Deus em um ambiente hostil. Mostra-nos como viver para Deus quando tudo está contra nós”.
ð Que é possível uma pessoa viver para Deus quando as circunstâncias lhe são totalmente contrárias. Espiritualidade e integridade de caráter não exigem condições ideais para se desenvolverem.
ð Que o segredo de Daniel foi uma vida de oração e leitura das Escrituras Sagradas.
ð Que assim como o último, o primeiro capítulo é breve! É uma narrativa simples e direta e nos ensina lições que não deveríamos esquecer nunca.
ð Que o capítulo 1 se divide em quatro partes: 1ª) A ida de Nabucodonosor a Jerusalémvv.1, 2; 2ª) A apresentação de Daniel e seus três companheiros – Hananias, Misael e Azariasvv.3-7; 3ª) A posição ocupada por Daniel e seus três companheirosvv.8-16; e 4ª) O resultado da ação corajosa e espiritual de Daniel e os trêsvv.17-21.

Estudar o livro de Daniel é uma experiência fascinante. Ele é um dos livros mais fantásticos da Bíblia. É histórico e também profético. Descreve o passado, discerne o presente e antecipa o futuro. É um manual singular acerca da soberania de Deus na história. Trata de temas relevantes como juventude corajosa, vida acadêmica, política externa, acordos internacionais, batalha espiritual e profecia. Aborda, outrossim, temas pessoais como santidade, oração, jejum e estudo da Palavra de Deus.[1]

O livro de Daniel é chamado de O Apocalipse do Antigo Testamento. Deus abriu as cortinas do futuro e revelou a Daniel os fatos que haveriam de suceder ao longo da história. A diferença entre livros históricos e proféticos é que estes contam a história antes dela acontecer, aqueles narram e interpretam o que já aconteceu.[2]

No capítulo 2a Babilônia é o império mundial da época. Nabucodonosor é o rei de reis e as glórias da Babilônia atingem seu apogeu. Mas, de repente, o rei tem um sonho que tira não apenas seu sono, mas também a paz de todos os sábios. Os privilégios dos sábios transformam-se em iminente ameaça.
Podemos sintetizar o capítulo em seis pontos básicos[3]:

1º) O sonho perturbador do rei (v.1) – O rei foi golpeado e encheu-se de ansiedade, insegurança e medo. A segurança de seu império estava ameaçada por algo fora de seu controle, algo invisível e além deste mundo. Ficou inseguro, inquieto e perturbado. Seu sonho revelou a fragilidade dos poderosos.

2º) A impotência dos sábios (vv.10, 11) – A sabedoria dos sábios deste mundo tem limites. Quem eram esses sábios? (1) os magoseram possuidores de conhecimentos dos mistérios sagrados e das ciências ocultas; (2) os encantadoreseram astrólogos, ou seja, aqueles que se dedicavam a contemplar o céu e buscar sinais nas estrelas com o propósito de predizer o futuro; (3) os feiticeirosaqueles que usavam a magia, invocando o nome de espíritos malignos; e (4) os caldeus – uma casta sacerdotal de homens sábios.

A resposta desses sábios acerca da incapacidade deles era baseada em vários argumentos: () Não há mortal sobre a terra que possa revelar o que o rei exige; () Era um assunto sem precedentes na história da humanidade; () O pedido do rei era extremamente difícil; e () A solução do problema era supra-humano.

3º) A prepotência dos poderosos (vv.5-8, 10-13) – Nabucodonosor revela sua prepotência até mesmo na hora da perturbação de espírito. Ele demonstrou isso de três maneiras: () exigindo dos homens o que eles não poderiam oferecer (vv.5, 10, 11); () oferecendo vantagens financeiras e promoções (v.6); e () determinando o extermínio dos sábios para satisfazer um capricho pessoal (vv.5, 8, 9, 12, 13).

4º) A intervenção de Daniel (vv.14-18) – Daniel toma três atitudes importantes na solução daquele intrincado problema: () ele vai ao rei e pede tempo (v.14-16); (2ª) Daniel vai aos amigos e pede oração (v.17); e () Daniel vai a Deus e pede misericórdia (v.18).

5º) A gratidão de Daniel (vv.19-23) – Daniel adora a Deus por quatro motivos especiais: () ele adora a Deus, porque Ele conjuga poder e sabedoria (v.20). Sabedoria é a capacidade de tomar a decisão certa, e poder, a capacidade de torná-la efetiva; () Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor do tempo (v.21); () Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor da história (v.21); e () Daniel adora a Deus porque Ele é o Senhor dos mistérios (v.22).

6º) A interpretação de Daniel (vv.25-45) – Na interpretação do sonho de Nabucodonosor, Daniel exalta a Deus, não a si mesmo (vv.27, 28, 30). Ele não chama a atenção para si como fez Arioque (v.25). Ele acentua o contraste entre a impotência humana e a onipotência divina. Ele destaca a supremacia do Deus vivo sobre as divindades da Babilônia. Daniel também revela que o sonho do rei é profético e não histórico (vv.28, 29). O sonho do rei diz respeito ao plano de Deus na história da humanidade.

Daniel descreve o sonho da estátua como um contraste entre os reinos do mundo e o Reino de Cristo (vv.31-36). A estátua visualizada em sonho por Nabucodonosor revela seis coisas:

(1ª) ele fala acerca da cabeça de ouro (vv.32, 36-38b). Nabucodonosor foi chamado de rei de reis (v.37). Ele era a cabeça de ouro. Ele representava o império. Sua palavra era lei. Ele governou durante 41 anos. Transformou a Babilônia no maior império e na maior cidade do mundo. Alargou as fronteiras de seu domínio. Mas, a riqueza e o poder da Babilônia foram dados por Deus (vv.37, 38). A Babilônia deu ao mundo a organização da Legislação (Código de Hamurabi).

(2ª) Daniel interpreta o peito e os braços de prata (vv.32, 39). O peito e os braços de prata simbolizam o império medo-persa. Como a figura já indica, os dois braços ligados pelo peito representam um império que seria formado pela união de dois povos: os medos e os persas. Nesse reino, o rei não estava acima da lei, mas sob ela. A lei era maior que o rei. O rei tinha menos autoridade. O império medo-persa deu ao mundo o aperfeiçoamento do Sistema Tributário.

(3ª) Daniel fala sobre o ventre e os quadris de bronze (vv.32, 39), que representam o império grego estabelecido por Alexandre Magno, em 333 a.C. Alexandre Magno dominou o mundo inteiro, mas esse reino desintegrou-se com sua morte. O império grego deu ao mundo a Cultura, a língua e os jogos olímpicos.

(4ª) Daniel interpreta o significado das pernas de ferro e dos pés de ferro e barro (vv.33, 40-43). Esse é o império mais detalhado. Cabe-lhe mais importância que os outros. Trata-se do império romano. Era o mais forte dos quatro. Mas, internamente, seu valor era inferior aos seus predecessores, como o ferro é inferior aos outros metais. Ao mesmo tempo, o império romano era forte como o ferro (exército, leis e organização política), mas débil como o barro (baixo nível moral). O império romano deu ao mundo o aperfeiçoamento da Legislação (o Direito Romano).

(5ª) Daniel explica a respeito da pedra que esmiúça a estátua (vv.34, 35, 44, 45). Qual é o significado da pedra? Ela representa o Reino de Cristo que vem, e destrói todos os outros reinos e enche toda a terra. O Reino de Cristo já veio em Cristo. Ele está entre nós e dentro de nós. Mas, na segunda vinda de Cristo, os reinos deste mundo serão destruídos, e o Reino de Cristo será estabelecido totalmente. Então, todo joelho se dobrará. Cristo colocará todos Seus inimigos debaixo de Seus pés.

(6ª) Daniel revela, finalmente, a supremacia do Reino de Cristo sobre os reinos do mundo (vv.44, 45). Os reinos do mundo, ao mesmo tempo em que são fortes como o ferro, são vulneráveis como o barro. O Reino de Cristo, entretanto, é indestrutível (v.44a), eterno (v.44b) e vitorioso (v.44c).

Concluindo

Neste capítulo Daniel viu três coisas: 1ª) Ele viu quem Deus é; 2ª) Ele viu o sonho e a sua interpretação; e 3ª) Ele viu o imperador se curvar diante de Deus.

Daniel confia em Deus: 1º) Porque a Palavra de Deus é verdadeira; 2º) Porque a história está nas mãos de Deus; e 3º) Porque o reino de Deus (Cristo) triunfará.


[1] Lopes, Hernandes Dias. Comentário Expositivo de Daniel – Daniel – um homem amado no céu. Editora Hagnos, p. 17.
[2] Ibid., p. 18.
[3] Ibid., capítulo 2. Faço, aqui, um esboço homilético do comentário do capítulo 2 do livro.

Estudo da Primeira Carta de João – 1Jo - Os Cuidados da Comunhão

1João 4.1-21

No estudo anterior vimos 1Jo 3 sobre o tema As Características da Comunhão, e abordamos o texto em três pontos: 1º) Em relação à nossa expectativapureza2.28-3.3; 2º) Em relação à nossa posição – justiça e amor3.4-18; e 3º) Em relação as nossas orações – respostas3.19-24.

Hoje, vamos estudar 1Jo 4 sobre o tema: Os Cuidados da Comunhão. Veremos isso em dois pontos: 1º) Em relação aos espíritos falsos e mentirosos4.1-6; e 2º) Em relação ao Espírito de amor4.7-21.

I. Em relação aos espíritos falsos e mentirosos – 4.1-6

1. v.1 – Duas advertências e um fato:

ð Não crer em qualquer espírito
ð Examinar os espíritos
ð Falsos profetas pelo mundo

2. vv.2, 3 – Como identificar os espíritos – Espírito Santo e espírito do erro

1º) O Espírito Santo

ð O ensino, a mensagem, a teologia que vem de Deus afirma a divindade e humanidade de Cristo Jesus – Jesus Cristo 100% Deus e Jesus Cristo 100% Homem.
ð Nós recebemos o Espírito Santo na conversão.
ð Sua obra no crente: habitar, selar, guiar na verdade, encher, fruto do Espírito, amor de Deus no coração, dons, ajuda na oração, ajuda nas decisões, etc.
ð O Espírito Santo não aliena, ele respeita a personalidade e as decisões do crente. Ele apenas orienta pela Palavra, se lida e meditada, estudada ou ouvida.

2º) O Espírito do Erro

ð Em seu ensino, mensagem e teologia não reconhece a divindade e humanidade de Jesus. Gnosticismo e todas as novas heresias do nosso tempo.
ð Origem – anjos que se corromperam com SatanásEf 6.11-18; 2Pe 2.4; Jd v.6.
ð Obra dos demônios – 1) causar doençasMt 9.33; Lc 13.11, 16; 2) possuir pessoas Mt 4.24; 3) possuir animaisMc 5.13; 4) se opor ao crescimento dos crentesEf 6.12; 5) ensinam doutrinas falsas1Tm 4.1.
ð Os demônios escravizam e alienam as pessoas.

3. v.4 – Para vencer os espíritos do erro:

ð Tem que ser de Deus.
ð Tem que ter aquele que é maior no coração.
4. vv.5, 6 – o Espírito da verdade/amor e o do Erro.

ð Ouvir o Espírito de amor é fazer parte da koinonia.
ð Ouvir o Espírito do erro é mundanismo e não faz parte da koinonia.

II. Em relação ao Espírito de verdade e amor – 4.7-21

1. vv.7-10 – em que verdade está fundamentado o nosso amor:

(1) no amor que procede de Deusv.7a.
(2) no novo nascimentov.7b.
(3) na encarnação de Jesusv.9a.
(4) na vida vivida em Jesus Cristov.9b.
(5) na propiciação dos nossos pecadosv.10.

Isso mostra o poder do amor de Deus, que nos amou primeiro!

2. vv.11-21 – Certezas do amor de Deus em nossos corações:

vv.11, 12 – o amor fraternal é um dever cristão, bem como, ser amado é um direito cristão. Quando amamos, o amor de Deus que não vemos, e feito real, tangível e concreto na comunhão cristã e através dela. A pratica pode começar com pequenos gestos e poucas palavras. O aperfeiçoamento vem de Deus.

vv.13-21 – O Espírito que recebemos e que habita em nós, nos ensina, abençoa e nos dá quatro certezas:

(1) Certeza através da posse do Espírito Santov.13 – cf. Jo 17.21-23, 26.
(2) Certeza através do conhecimento do amor de Deus ao enviar seu Filho – vv.14-16a.
(3) Certeza para o julgamento através do amor vv.16b-18. João fala sobre o medo e o amor.
(4) Certeza de que a prova do amor de Deus é o amor pelo irmãovv.19-21. Esta certeza está de acordo com o ensino de Jesus – cf. Mc 12.28-31; Mt 22.34-40.

Concluindo

De acordo com o texto que estudamos, podemos afirmar que um verdadeiro cristão, que cuida de sua comunhão com Deus e com os seus irmãos é conhecido: 1º) Pelo que crê (vv.1-4); 2º) Pela prática do amor responsável (vv.7-12); e 3º) Tanto pela doutrina que professa como pela prática da mesma (vv.13-21).


Pr. Walter Almeida

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Mensagens Bíblicas em Daniel - Daniel 1 - Uma vida em destaque

Daniel 1

Ao ler o livro “Ouse ser Firme – O livro de Daniel” de Stuart Olyott, publicado pela Editora Fiel, e a série de estudos em Daniel “A vida espiritual em uma cultura secular” de Bill Crowder, fui mais uma vez estimulado a ler o livro de Daniel “pelo valor do próprio livro e ver que sua mensagem é para o nosso tempo”.[1]


Daniel, “a partir de 7.2, escreve de maneira autobiográfica, na primeira pessoa do singular e deve ser distinguido dos outros três ‘Daniéis’ do Antigo Testamento”[3] (cf. 2Cr 3.1; Ed 8.2; Ne 10.6). Veja o texto: Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, durante a minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o mar Grande.

Antes de vermos o capítulo um de Daniel, vamos ver, brevemente, um panorama histórico que levou o povo de Deus até ao cativeiro babilônico em 605 a.C., que foi quando veio Nabucodonosor – No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. (v.1)

Tudo começou quando Deus escolheu um homem, Abraão, “e prometeu que por meio dele e de sua descendência todas as famílias da terra seriam abençoadas”.[4]

ð  [5]Assim, esse homem escolhido por Deus se tornou uma família e a família uma nação;
ð  Essa nação foi para o Egito e permaneceu lá quatrocentos anos;
ð  Depois desse período, a nação saiu do Egito e guiada por um homem, também chamado por Deus, Moisés, peregrinou no deserto onde recebeu a Lei de Deus – Lei Cerimonial, Lei Civil e Lei Moral (Dez Mandamentos);
ð  Após a peregrinação no deserto, sob a liderança de Josué, a nação de Israel entrou na terra prometida e antes da morte deste, a terra foi conquistada, em grande parte, e dividida entre as doze tribos;
ð  Dai chegamos à época dos juízes, homens a quem Deus levantou para livrar a nação de sucessivos conquistadores;
ð  Veio, então, o período dos reis – Saul, Davi, Salomão e Roboão;
ð  No inicio do reinado de Roboão a nação se dividiu em duas: Reino do Norte – Israel ou Efraim, com dez tribos e sua capital foi Samaria; Reino do Sul – Judá, com duas tribos e sua capital foi Jerusalém.
ð  No Reino do Norte, em suas várias dinastias, nenhum rei temente a Deus se assentou no trono. As dez tribos foram levadas em cativeiro, em 722 a.C., pela Assíria, após serem advertidas seriamente por Deus através do seus profetas quanto à sua apostasia. Infelizmente, com o tempo, perderam a sua identidade como povo de Deus.
ð  No Reino do Sul, todos os seus reis foram da dinastia davídica. Mas, apesar disso, a nação teve altos e baixos em sua vida espiritual e infelizmente, também, a apostasia cresceu. E cresceu a tal ponto que, Deus, pelos seus profetas, advertiu muitas vezes a nação que, se não houvesse arrependimento, haveria julgamento, mas seus avisos não foram ouvidos.
ð  Assim, então, do além do horizonte, em 605 a.C., veio Nabucodonosor. E durante os vinte e três anos seguintes, em quatro estágios sucessivos, ele levou quase todo o povo de Judá para a Babilônia.
ð  E, as margens dos rios da Babilônia, o povo de Deus se assentava e chorava, quando se lembrava de Sião – Salmo 137.1-6.
ð  Mas, dentro dessa nação apostata, existia um pequeno grupo de pessoas que se mantinham fiéis a Deus, como os profetas haviam predito. Esse pequeno remanescente fiel viveu durante os 70 anos do cativeiro, amando a Deus e vivendo para agradá-lo, mesmo na longínqua Babilônia.
ð  Nos dias do cativeiro, esse pequeno grupo fiel foi representado por Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Numa época em que ninguém mais se importava, Deus e sua Palavra continuavam a ter importância para este pequeno grupo.


“É possível uma pessoa viver para Deus quando as circunstâncias lhe são totalmente contrárias. Espiritualidade e integridade de caráter não exigem condições ideais para se desenvolverem. Não são plantas que se desenvolvem sob a proteção da estufa, mas crescem melhor quando expostas à neve, ao vento, ao granizo, à seca e ao sol escaldante”.[7]


Ao pensarmos em dificuldades, de quais nos lembramos ao não ser das nossas?! Esse livro de Daniel “nos denuncia completamente. Prova que a verdadeira espiritualidade nunca dependeu de circunstâncias fáceis”.[9]

Qual foi o segredo de Daniel? Foi simples:

1º) OraçãoDn 2.17-19 – o que Daniel fez antes de interpretar o sonho de Nabucodonosor?; Dn 6.10 – porque houve uma conspiração contra Daniel?; Dn 9 – qual o assunto desse capítulo? “Uma adequada vida de oração é uma parte do segredo de permanecer fiel a Deus em um mundo hostil”[10].

2º)  Leitura das EscriturasDn 9.2 – o que Daniel fazia? Dn 9.11 e 13 – a que Daniel se referiu ali? Daniel lia a conhecia as Escrituras. Ele permaneceu firme servindo a Deus em um mundo hostil, simplesmente, porque lia sua Bíblia e orava.[11]

Precisamos enfatizar a prática dessas verdades simples hoje, pois uma grande parte do povo de Deus pensa que, o segredo de uma vida cristã firme e fiel está em uma nova e excepcional experiência com Deus. O que mais ouvimos hoje são aquelas frases de efeito do tipo: “O melhor de Deus está por vir!” “O mais de Deus”.

Mas, o que nos diz o capítulo um de Daniel? Ele, assim como o último capitulo, é breve! É uma narrativa simples e direta e nos ensina lições que não deveríamos esquecer nunca. O capítulo um se divide em quatro partes: 1º) A ida de Nabucodonosor a Jerusalémvv.1, 2; 2º) A apresentação de Daniel e seus três companheiros – Hananias, Misael e Azariasvv.3-7; 3º) A posição ocupada por Daniel e seus três companheirosvv.8-16; e 4º) O resultado da ação corajosa e espiritual de Daniel e os trêsvv.17-21.

I. A ida de Nabucodonosor a Jerusalém – vv.1, 2

Em 605 a.C. Nabucodonosor se torna rei da Babilônia e marcha contra Jerusalém – sitia, invade, derrota e a faz cativa, levando para a sua terra o que deseja e quer.

Por oito anos Jeoaquim ainda permanece em Jerusalém, mas depois é completamente destituído e humilhado.

O templo é saqueado e os seus tesouros são levados para a Babilônia. Agora, aquilo em que a apostasia confiava não mais tem valor, está totalmente devastado.

Ao invés de confiar em Deus o povo estava confiando no templo. Estavam certos de que não importava como vivessem o templo os salvaria. Mas, isso não aconteceu!

Deus é o único Senhor! Nada pode substituí-lo! Substituir Deus por algo feito por mãos humanas é idolatria! E a idolatria derrotou o povo de Deus!
O primeiro mandamento da Lei de Deus é: Não terás outros deuses diante de mim. (v.3) O Breve Catecismo de Westminster ao definir quais sãos os deveres exigidos no primeiro mandamento afirma: Os deveres exigidos no primeiro mandamento são: conhecer e reconhecer Deus como único verdadeiro Deus, e nosso Deus; cultuá-lo e glorifica-lo como tal, pensar e meditar nele, lembrar-nos dele, altamente apreciá-lo, honrá-lo, adorá-lo, escolhê-lo, amá-lo, desejá-lo e teme-lo; crer nele, confiando, esperando, deleitando-nos e regozijando-nos nele; ter zelo por ele; invocá-lo, dando-lhe todo louvor e agradecimentos, prestando-lhe toda obediência e submissão do homem todo; ter cuidado de o agradar em tudo, e tristeza quando ele é ofendido em qualquer coisa; e andar humildemente com ele.[12]

Assim, o primeiro mandamento nos ensina que “nada deve ser considerado como mais amável ou importante do que Deus. Colocar qualquer coisa à sua frente é idolatria”.[13] E idolatria “é inventar ou ter alguma coisa em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro Deus, que se revelou na sua Palavra”.[14]

II. A apresentação de Daniel e seus três companheiros – vv.3-7

Esses versículos apresentam os principais personagens do livro – Nabucodonosor, seus assessores e Daniel, Hananias, Misael e Azarias.

A estratégia do Rei Nabucodonosor – “deportar a nobreza de cada nação conquistada e integrá-las no serviço público da Babilônia”[15]. Foi esse o método que ele usou quando conquistou Judá – v.3.

Os selecionados para o abrangente programa de reeducação teriam acompanhamento e treinamento vip – vv.4, 5. A idade exigida para a reeducação pelos babilônios era entre 14 e 15 anos.

Era parte da política babilônica mudar os nomes de todos os selecionados para a reeducação e treinamento especial – vv.6, 7.

ð  Daniel que significa “Deus é meu juiz”, recebeu o nome de Beltessazar que significa “Guarda dos segredos ocultos de Bel” ou “Bel protege o Rei”.
ð  Hananias que significa “O Senhor é Gracioso”, recebeu o nome de Sadraque que significa “Ordem de Aku” outro deus babilônico.
ð  Misael que significa “Quem é como o Senhor”, recebeu o nome de Mesaque que significa “Quem é como Aku” ou uma antiga forma do nome da deusa Vênus.
ð  Azarias que significa “O Senhor é meu ajudador ou o que me auxilia”, recebeu o nome de Abede-Nego que significa “Servo de Nego” também chamado de Nebo, o deus da vegetação.

Olhando os quatro nomes originais dos jovens, vemos que dois deles terminam em “el”, que indica um dos nomes de Deus e dois que terminam em “ias”, uma versão abreviada do nome Jeová. Os babilônios alteraram os seus nomes para outros que se referiam as suas divindades pagas – Bel, Marduque, Vênus e Nebo.

O processo de reeducação alimentar, intelectual, psicológica e espiritual durava três anos. Afastados de seus lares, instruídos a esquecer de Deus e reeducados intensivamente numa cultura pagã, o que aconteceria a estes jovens? Resistiriam ales a pressão? Permaneceriam fieis ao seu Deus e ao que sabiam ser correto? Ou sucumbiriam?[16]

III. A posição ocupada por Daniel e seus três companheiros – vv.8-16

O que levou o povo para o cativeiro foi o pecado de idolatria. O exílio era um castigo por todos os pecados da nação. O principal pecado deles foi a idolatria.

Agora, diante daqueles jovens fora colocado um dos principais atos idolatras dos babilônios – suas refeições, que eram todas oferecidas aos seus deuses. Aqueles rapazes faziam parte do remanescente fiel, aquele pequeno grupo do povo de Deus, que se recusou à pratica da idolatria. Se não se envolveram antes com ela, não seria agora que o fariam.

A linguagem do v. 8 demonstra cautela. Daniel foi firme, mas foi educado e gentil! O caráter de Daniel é visto no fato de não ter desistido e não ter voltado atrás vv.11-14.

Os vv.15 e 16 mostram o efeito da dieta de Daniel e de seus companheiros. “Isso nos mostra que ninguém perde coisa alguma quando se recusa a comprometer sua fé.”[17]

Se Daniel e seus três companheiros tivessem se comprometido no início de suas vidas na Babilônia, como reagiriam ao serem confrontados mais tarde? “Por terem honrado a Deus em uma coisa pequena, puderam honrá-lo também nas questões mais importantes. Pessoas caem em pecados sérios somente porque aprenderam a tolerar pecados menores.”[18]

Concluindo – O resultado da ação corajosa e espiritual de Daniel e os três – vv.17-21

Nos vv.17 a 21 temos o resultado imediato da ação corajosa e espiritual dos jovens. O curso terminou e eles foram aprovados com louvor. Colocaram a Deus acima de todas as outras considerações e Ele os honrou despertando em suas vidas dons que nem imaginavam possuir. Mas a Daniel Deus, também, concedeu outro dom que se destacaria mais tarde na história. Escute o versículo na versão BLH – ... mas a Daniel deu também o dom de explicar visões e sonhos. (v.17b)

Se não vivermos para Deus agora, nenhum de nós poderá fazer com que uma posição mais elevada se torne valiosa para Ele. Se não estamos dispostos a permanecer firmes e comprometidos com Ele em coisas pequenas, como o faremos nas grandes? E possível ser fiel no muito, sem primeiro ter sido fiel no pouco? Se não podemos resistir a tentações comparativamente pequenas, o que faremos quando elas forem intensificadas?[19]

Para Olyott, o ensino central deste capítulo pode ser resumido em 1Samuel 2.30b – ... aos que me horam, honrarei, porém os que me desprezam serão desmerecidos.

Pr. Walter Almeida Jr.
IBLAJP – 07/05/2017



[1] Olyott, Stuart. Ouse ser Firme – O Livro de Daniel, Editora Fiel, Segunda Edição 2011, p. 9.
[2] Ibid., p. 9.
[3] MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, 2010, p. 1073.
[4] Olyott, p. 11.
[5] Olyott, síntese das páginas 11 a 13.
[6] Olyott, p. 13.
[7] Ibid., p. 14.
[8] Ibid., p. 14.
[9] Ibid., p. 15.
[10] Ibid., p. 15.
[11] Ibid., 15.
[12] Catecismo Maior de Westminster, Pergunta 104.
[13] Nascimento, Misael Batista do. Os primeiros passos do discípulo, Editora Cultura Cristã, 2011, p. 12.
[14] Catecismo de Heidelberg, pergunta 95.
[15] Olyott, p. 19.
[16] Olyott, p. 21.
[17] Ibid., p. 23.
[18] Ibid., p. 24.
[19] Olyott, p. 26.